quarta-feira, 11 de março de 2020

Era

Do passado
Se costura novos casacos.
De de retalhos, de seda,
ou de espinhos.
A veste, travestida de pele
revela na carne os descaminhos.
Por onde andei?
Reconstruo meus passos
através dos espaços vazios.
O que não se foi, o que não se fez,
o que nunca será,
são os fios da fina seda
bordadas entre espinhos.
Por lá passeia o tempo,
como vento ou tempestade,
ou ainda como seca areia
cortante e doída.
Do que já foi,
ou do que não é mais,
ficou o rascunho dos sonhos perdidos.
E entre lembranças, feridas
e inverdades,
se esculpe no agora o que somos
sem nunca ter sido.


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